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A era digital trouxe consigo avanços tecnológicos impressionantes, revolucionando a forma como interagimos e compartilhamos informações. Entre esses avanços está o desenvolvimento do deepfake, uma técnica de manipulação de mídia baseada em inteligência artificial.

O deepfake permite criar vídeos e imagens falsas com um nível de realismo impressionante, levantando questões éticas e sociais importantes. Embora tenha sido utilizado para fins recreativos e criativos, o deepfake também apresenta sérias preocupações relacionadas à confiança na informação e à própria noção de realidade.

Continue a leitura e entenda o impacto do deepfake na sociedade.

O que é o deepfake?

Deepfake é uma técnica de manipulação de mídia que utiliza inteligência artificial para criar vídeos ou imagens falsas que aparentam ser reais. A palavra "deepfake" é uma combinação de "deep learning" (aprendizado profundo) e "fake" (falso).

Por meio de algoritmos avançados, é possível substituir o rosto de uma pessoa em um vídeo por outro rosto, criando uma ilusão convincente. Essa tecnologia tem sido usada tanto de forma recreativa, como em vídeos engraçados, quanto de maneira preocupante, para disseminar desinformação ou criar conteúdos pornográficos não consensuais.

Como é a criação dos deepfakes?

A tecnologia de deepfake tem despertado a curiosidade e a preocupação da sociedade, pois permite a criação de conteúdo audiovisual sintético e realista. Essa técnica utiliza redes neurais artificiais conhecidas como Redes Generativas Adversariais (GANs) para manipular rostos e vozes, criando a ilusão de que uma pessoa está dizendo ou fazendo algo que ela não fez. Nesta redação, exploraremos como os deepfakes são criados, focando nas técnicas de aprendizado de máquina envolvidas nesse processo.

  • Os deepfakes são criados através de um processo complexo que envolve várias etapas. A primeira etapa é a coleta de dados, onde são necessárias muitas imagens e/ou vídeos da pessoa que se pretende "clonar". Quanto mais dados disponíveis, mais precisa será a recriação do rosto. Esses dados são usados para treinar a rede neural.

  • A etapa seguinte é o treinamento da rede neural, que consiste em alimentar a GAN com os dados coletados. A GAN é composta por duas partes: o gerador e o discriminador. O gerador é responsável por criar o conteúdo sintético, enquanto o discriminador tenta distinguir entre o conteúdo real e o sintético. Essas duas partes trabalham em conjunto, em um processo de aprendizado interativo, onde se aprimoram mutuamente.

  • Durante o treinamento, a rede neural passa por diversas interações, ajustando seus parâmetros para melhorar a qualidade das saídas sintéticas. O objetivo é alcançar um ponto em que o discriminador não consiga mais distinguir entre o conteúdo real e o sintético, resultando em deepfakes cada vez mais convincentes.

  • Por fim, após o treinamento, a rede neural pode ser usada para criar deepfakes. Com base em uma imagem ou vídeo de referência, o gerador gera novas imagens ou vídeos sintéticos que se assemelham ao alvo desejado. As características faciais, expressões e até mesmo o movimento dos lábios podem ser modificados para criar a ilusão de que a pessoa está falando ou realizando ações específicas.

Os deepfakes são fruto do avanço das técnicas de aprendizado de máquina, especialmente das Redes Generativas Adversariais. Embora possam ter aplicações interessantes, como no cinema e na indústria de entretenimento, os deepfakes também apresentam riscos significativos, como a disseminação de desinformação e a violação da privacidade. Compreender como essas tecnologias são criadas é fundamental para enfrentar os desafios éticos, legais e de segurança que surgem com seu uso.

Imagem de um homem de costas utilizando o computador. Imagem de um homem de costas utilizando o computador.

Quais são os riscos e desafios do deepfake?

O deepfake tem sido uma ferramenta utilizada para o entretenimento e a diversão. A indústria cinematográfica, por exemplo, pode utilizar essa tecnologia para recriar a presença de atores já falecidos em cenas de filmes, preservando sua memória e legado. Além disso, artistas e criadores têm explorado o potencial do deepfake como uma forma de expressão artística, criando obras inovadoras e experimentais que desafiam as fronteiras da imaginação.

No entanto, a disseminação irresponsável do deepfake levanta preocupações significativas. A possibilidade de manipular vídeos e imagens com precisão assustadora pode ser explorada para enganar e manipular pessoas. A disseminação de informações falsas e notícias fraudulentas pode ser ainda mais fácil e persuasiva, minando a confiança do público nas fontes de informação confiáveis e prejudicando a nossa capacidade de distinguir o que é real do que é falso.

Outra preocupação pertinente é o potencial uso do deepfake para fins maliciosos, como difamação, extorsão e criação de conteúdo pornográfico não consensual. A substituição de rostos em vídeos íntimos pode ter consequências devastadoras para as vítimas, afetando sua reputação, intimidade e bem-estar emocional de maneira profunda.

Outro risco que pode ser apontado são as possíveis substituições dos humanos no processo de escrita dos roteiros de séries e filmes com as novas tecnologias. Alguns roteiristas e atores de Hollywood estão expondo o perigo com o uso da inteligência artificial.

Para eles, algumas ferramentas semelhantes ao CHATgpt, são capazes de criar ou produzir textos de forma automatizada.  E não são apenas os roteiristas e atores de Hollywood que estão preocupados, os artistas da música também já estão demonstrando essa preocupação também.

Além disso, o deepfake levanta questões legais e éticas relacionadas à privacidade e ao consentimento. A criação e disseminação de deepfakes sem o consentimento das pessoas envolvidas violam sua autonomia e privacidade, exigindo uma revisão e aprimoramento das leis existentes para lidar com essa nova realidade tecnológica.

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Quais são os benefícios do deepfake?

Embora o deepfake seja frequentemente associado a preocupações e consequências negativas, também pode apresentar alguns diferenciais em determinados contextos. Confira:

Entretenimento e Criatividade

O deepfake pode ser utilizado como uma ferramenta de entretenimento, permitindo a criação de vídeos engraçados, paródias e memes. Isso proporciona diversão e engajamento para o público.

Efeitos Visuais

O deepfake pode ser aplicado na criação de efeitos visuais impressionantes em filmes, programas de TV e produções audiovisuais, permitindo a criação de cenas e personagens que seriam difíceis ou impossíveis de serem alcançados de outra forma.

Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico

O avanço no desenvolvimento de técnicas de deepfake impulsiona a pesquisa e o desenvolvimento de algoritmos de aprendizado profundo e inteligência artificial, que podem ser aplicados em uma ampla gama de campos, desde a visão computacional até a segurança digital.

Educação e Sensibilização

O uso do deepfake de forma ética pode ser uma ferramenta educacional para ilustrar a manipulação de mídia e conscientizar o público sobre os perigos e a importância da verificação de informações.

Leia mais:

Como eu reconheço um deepfake?

Os deepfakes frequentemente apresentam imperfeições na manipulação dos rostos. Detalhes como bordas desfocadas, desalinhamento dos olhos, distorções faciais ou movimentos labiais irrealistas podem ser indícios de um deepfake.

Ao analisar um vídeo, verifique a coerência temporal. Se retratar uma pessoa em um contexto histórico ou evento específico, busque por incoerências temporais, como a presença de alguém em um local antes ou depois de um acontecimento conhecido. Além disso, verifique a data e a fonte original do vídeo.

Deepfakes de baixa qualidade podem apresentar artefatos visuais, como contornos irregulares, cores distorcidas ou áreas pixelizadas. Por outro lado, deepfakes de alta qualidade podem ser mais desafiadores de detectar, exigindo recursos técnicos e financeiros significativos.

Além da manipulação visual, os deepfakes também podem envolver a síntese de vozes. Fique atento a possíveis problemas no áudio, como interrupções abruptas, alterações na qualidade ou timbre da voz, ou palavras e frases que não coincidem com os movimentos labiais.

Sempre procure confirmar a autenticidade do conteúdo verificando a fonte. Consulte veículos de imprensa confiáveis, sites oficiais ou relatos independentes sobre o vídeo em questão. A falta de informações ou a presença de informações contraditórias podem ser indícios de um deepfake.

Dicas e riscos na prática

Uma dica que pode ser levada em consideração, é reduzir a exposição nas redes para ajudar a minimizar a disponibilidade de dados para a criação de deepfakes, mas é importante lembrar que outras fontes de dados também podem ser usadas. Além disso, a tecnologia de deepfake está em constante evolução, então é crucial investir em detecção e educação para lidar com esse desafio.

Um exemplo mais comentado que ocorreu com deepfake, foi o caso do Papa Francisco com um casaco branco fashion. A IA poderia ter sido treinada com muitas imagens do Papa usando seu traje tradicional e com imagens da moda, para aprender como criar uma imagem convincente que combine com os elementos. Essa imagem é resultante pode ser compartilhada online e até mesmo impressa, mas é importante lembrar que nem tudo que vemos na internet é autêntico.

Após essa grande repercussão, o debate sobre deepfake expandiu e foi notado que imagens criadas por IA são facilmente confundidas com fotografias reais, com isso a Darpa (Agência de Projetos de Pesquisa Avançada de Defesa dos EUA) investiu milhões no desenvolvimento de tecnologias para amenizar esses conteúdos falsos.

Embora o objetivo do uso dessa técnica seja das mais variadas incluindo auxiliar inclusive a área cultural,  o termo tem se popularizado nas redes sociais por ser usado para a produção de conteúdo enganosos ou maliciosos, com o intuito de desinformar. 

A tecnologia do deepfake destaca a importância da alfabetização digital e da capacidade de discernir entre conteúdo real e manipulação. 

Deepfakes e o equilíbrio da inovação

Embora a tecnologia de deepfake tenha se desenvolvido rapidamente, ainda é possível identificar sinais que podem ajudar a reconhecer conteúdo audiovisual manipulado.

Ao estar atento a anomalias faciais, movimentos irrealistas, inconsistências temporais, qualidade da imagem ou vídeo, inconsistências de áudio e verificação da fonte, podemos aumentar nossa capacidade de discernimento e minimizar a disseminação de desinformação.

Agora que você já sabe o que é deepfake, seus benefícios e cuidados, a conscientização e a educação são fundamentais para enfrentar os desafios dos deepfakes, promovendo uma sociedade mais informada e crítica.

Portanto, equilibrar a inovação tecnológica com a ética e a responsabilidade é essencial para garantir que o deepfake seja usado de maneira benéfica, sem comprometer a confiança e a segurança da sociedade. Somente por meio de uma abordagem abrangente e colaborativa poderemos explorar plenamente o potencial do deepfake enquanto protegemos os valores fundamentais de nossa sociedade em um mundo cada vez mais digital.

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